Descrição
A Literatura de Horror no Brasil vive um grande momento, há uma vasta produção voltada ao gênero sendo produzida e comercializada, principalmente entre editoras e autores independentes, assim como uma crescente recepção positiva do público, que, por muito tempo, não deu devida atenção às obras nacionais. “Sonhos Febris”, de Pedro Teixeira, é mais uma das grandes surpresas do cenário. Os contos aqui transitam entre várias facetas do Horror, desde a recriação de Mitos e reconfiguração de clichês já saturados, os quais Pedro atualiza de forma original, até contos onde o Horror brota não do sobrenatural, mas do real e das relações humanas-animais, revelando monstros em carne e osso que vivem entre nós, a partir de uma perspectiva que dá espaço para os esquecidos, os desacreditados e aqueles que não tem voz. Aliando características clássicas das obras de Terror com uma roupagem contemporânea, Pedro Teixeira nos apresenta personagens nas mais diversas situações, descentralizando espaços narrativos e enchendo de diversidade e significados suas histórias. É através da inclusão desses sujeitos que o autor desestabiliza a lógica do Horror convencional, trazendo a história para um território mais próximo da realidade, um cenário com que nos identificamos, mas que também gera um estranhamento, pois percebemos que estamos perto demais do Horror.
Outro ponto importante, que faz de “Sonhos Febris” um livro que merece sua atenção, é o cuidado com a linguagem. Através do uso de uma série de referências de leitura, o autor trabalha feito um artesão, que tem noção do quão difícil é praticar a arte do Conto, não apenas pensando no entretenimento da história, mas na complexa construção que é o texto literário. As histórias aqui partem do estranho, do desconhecido; seus enredos funcionam como agentes da revelação do medo. Medo que nasce nesse ambiente onírico, nebuloso, misturando a febre da vida e os problemas do nosso dia-a-dia, com o mistério dos pesadelos que nos abraçam durante a noite.
Ler “Sonhos Febris” é como descobrir o lençol sabendo que embaixo há um cadáver; É como entrar em um quarto escuro sem ter o controle sobre as próprias pernas; É como ouvir alguém chamando seu nome quando se esta completamente sozinho. Agora, deixe que a febre e o sonho que inundam essas páginas o atravessem feito um fantasma.
Felipe Teodoro.
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