Descrição
Bento Gonçalves é um carranqueiro apaixonado pelas carrancas (peças horrendas feitas de madeira que misturam traços humanos e animais). Tais peças, agora culturais, no passado, protegiam as barcas do Rio São Francisco contra o ataque de criaturas místicas. Bento quer se tornar referência, inspirando-se em seu conterrâneo, Mestre Guarany. Quando a família Freitas atravessa o seu destino, após um trágico acidente pôr o filho mais velho do casal em situação crítica, Bento finalmente encontra o motivo para o máximo de sua inspiração artística. Contudo, uma insólita monstruosidade ancestral está disposta a destruir todos que se opuserem ao seu plano de domínio, usando animais selvagens como suas marionetes do caos. Mesclando passado e presente, “Sob a vigília da carranca” é um romance de ficção de horror que mistura elementos cósmicos e históricos, servindo de enaltecimento para uma das mais importantes peças de arte popular da cultura brasileira.
Renan Cassiano –
“Guerra entre natureza e a cidade”
Sob a vigília da carranca é uma obra literária que mescla horror cósmico com aspectos históricos e culturais do Brasil, sobretudo na região do nordeste e em especial o poder simbólico da carranca. O livro conta a saga da família Freitas que ao fechar negócio mobiliário no condomínio “In Natura” irão selar seu destino para sempre. Na floresta que circunda o residencial abriga um ser misterioso que desde 1821 tem assustado a população que teve contato com sua forma extraordinária, sobrando poucos vivos para contarem o que viram.
A única alternativa para a família Freitas contra as investidas da besta-fera e os animais da floresta que controla, é encomendar uma carranca para proteção. No embate entre medo e fé os personagens precisam lutar por suas vidas, tendo como recurso a crença no amor que sentem uns pelos outros, bem como na estranha figura da carranca.
A narrativa é dividia e intercalada pela saga da família Freitas e a história do monstro que passou a viver naquela região a partir de 1821, nos capítulos denominados “interlúdios”. Com isso acompanhamos os acontecimentos na perspectiva do passado e do presente até o desfecho final, passando também pelo surgimento do poder sobrenatural da carranca e como aos poucos ela se tornou apenas artesanato figurativo.
Esta obra resgata através da literatura o poder da carranca, bem como coloca em questão qual lado pode ser realmente considerado “herói” ou “vilão”, tendo em vista a guerra entre a natureza e cidade. É um livro sobretudo de mistério e como o horizonte interpretativo habita nesse terreno.