Descrição
Senhas de Sonhos
Minha alma nunca será vendida
Pois não há nada que pague
As lembranças nela contidas
Qual é o pacto que estabelecem com o leitor, esses textos breves, pequenos poemas em prosa, escritos pelos olhos “catatônicos” de um poeta à deriva?
Talvez algo como: leia minhas palavras e assim, inesperadamente, se abrirão as portas para o desconhecido.
Nesse convite a um mergulho ao mesmo tempo perturbador e prazeroso, o leitor perceberá a maneira sutil como as palavras deslocam-se de seu sentido habitual transformando-se em senhas secretas dando o acesso à profundidade poética.
A fuga da “rota da rotina” em ritmo cadenciado, descortina a escuta de uma vida além dos dias, instaurando o espaço onírico, no qual se rompe com a lógica cotidiana.
Ao compor esse seu “diário do contrário”, Alberto Marques de Medeiros Neto muitas vezes lírico, outras, mordaz, esbanja fina ironia transformando versos em verdadeiros lemas:
A vida em sociedade
Perturba a sanidade
Ou ainda:
Mandarei cartas psicografadas
Pretendo voltar na próxima encarnação.
Segundo o autor, o livro começou a ser escrito ainda na época da escola, no ensino médio. O título da coletânea, justamente, teria sido “presente” de um professor que ao avaliar um trabalho seu, definiu sua escrita como “texto poético quase incompreensível”.
Ávido leitor de poesia contemporânea, bem como de autores do movimento beatnik, Alberto nos convida à viagem, à transição para lugares singulares, optando pela perigosa percepção do estranhamento em detrimento do acolhimento familiar.
Percorra essas páginas com gosto e curiosidade e depois revisite-as. A cada acesso, novas descobertas.
Heloisa Prieto
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